-Não se mexe assim, vai estragar o desenho.
-Avisei pra não desenhar nas minhas costas enquanto eu
durmo.
-Ainda acho que você devia me deixar te tatuar.
-E eu ainda acho que não vai acontecer.
-Você não confia em mim?
-Como tatuador, sim. Como amante, não.
-Não entendi...
-Um dia você vai embora... não, não me interrompa! Eu sei
que vai... Vai voltar pro seu país, pra sua esposa, pros seus filhos. E eu fico
aqui, nessa cidade, nesse quarto, nesse corpo. Vou querer apagar nossas fotos,
rasgar seus desenhos, queimar suas cartas... E se você marcar minha pele, eu
vou querer esfolar minha carne, mesmo sabendo que isso não vai te arrancar da minha
memória. Vou acordar todos os dias e pensar que se tivesse lhe dito não, eu não
precisaria me lembrar de você todas as vezes que olhar no espelho. E vou
acreditar nisso, mesmo que no fundo eu saiba ser mentira e que pensaria em você
de qualquer jeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário