Sentes esse cheiro? É doce, quente, úmido e inebriante.
Assim como as noites nossas que há muito deixaram de adoçar, aquecer, umedecer
e inebriar nosso colchão. Não recolhi as roupas que esquecestes no canto do
quarto, é preciso noites mais para que eu ponha os restos teus janela abaixo.
Falta-me força. Consegues sentir esse cheiro? É tudo que ainda sinto sem me
doer, ou quem sabe seja ele o que desde então mais dói. O odor inscreveu aquilo que é inominável pelas narinas minhas, direto
para o fundo do estômago. Engoli a prova podre das mentiras que me contastes e
das juras que me fizestes, engoli o cheiro de morte para perfumar o cadáver que
fizestes de mim.
domingo, 29 de janeiro de 2012
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A força para tentar recolher as roupas que foram deixadas no canto. A dor. O cadáver.
ResponderExcluirAcredito que essa "morte" é pra, enfim, trazer a vida.
Gostei daqui. Abraços.
E vai ser! Adorei o teu cantinho, vou seguir.
ResponderExcluir"Arrumai os amores" eis a primeira lei da vida. Saber arquivá-los, entendê-los e esquecê-los, é questão de tempo e fé.
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