sábado, 1 de dezembro de 2012

Já fazem duas semanas desde hoje cedo, quando peguei das mãos do carteiro a caixa de papelão rabiscadas com suas tão duras letras. Passou-se quanto tempo desde que partiu? Um mês? Um ano? Ou será que nunca esteve aqui? Lembra-se que havia lhe dito ser capaz de escrever um livro todo apenas sobre o seu modo grave de me olhar? Agora o único olhar que tenho a atravessar-me é o da gata que ronrona aos meus pés. Dissestes uma vez: "ela é a cara da mãe". Respondi-lhe de imediato que a biológica não conheci, mas bem sabia que o medo dela poderia ter sido parido por mim. "Do que tens medo?" Ah, eu sempre temi seus olhos. Porque me rasgam, me penetram e me fazer ser. Ser alguém que espera ser nós e tem medo de nunca o ser.

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