segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Cada um tem a barata que merece:

Eu percebo que ele se arrasta pelos cantos do quarto. Os outros diriam que animal não poderia ser, pois o apartamento é novo/limpo demais para. Mas eu sei que ele está. Posso ouvir como ele abre espaço por caminhos que não o querem, mas que mesmo assim ele penetra. Me pergunto se também sente-se acuado. Deve ter prazer em me fazer assim. Eu queria dizer que ele não me incomoda e nem perturba. As perturbações que me causa são de outra ordem que não o desconforto. É que me faz não-sozinha, algo que há muito passei a desconher. Mas essa palavra realmente existe? Não sei por quanto tempo ele ainda fica. E se nunca tivesse estado aqui? O problema dos animais é que sempre nos deixam marcas. Se mover cada móvel adiantasse, atiraria todos sacada-a-baixo. Mas isso não o removeria do alcance dos meus ouvidos. E já estou marcada: pois, uma noite dessas , tive companhia para voltar a ser só.

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